Conheça um pouco mais da nossa história

 

Tudo começava, quando aos 25 de agosto de 1949, e 13 de setembro de 1953, na cidade mineira de Teófilo Otoni, nasciam José Feliciano Mascarenhas Soares e Júlio Soares Primo.

Filhos do Sr. Lourival Soares da Costa Jr. o Lourinho, e da D. Iracy Mascarenhas Soares, dona Zizinha, como são chamados, o pai mineiro e a mãe baiana, formaram uma família de seis irmãos.

O primeiro filho do casal, Orlando, faleceu quando ainda era pequeno, o que privou os irmãos Vera, Titida, José Feliciano, Linda e Júlio de conhecê-lo.

O ambiente em que a família crescia era regido pelos sons da música e da poesia.
O Sr. Lourinho, um seresteiro apaixonado, também oriundo de uma família de sensibilidade musical, como bancário, reunia-se com os amigos nos finais de semana, para tocarem os seus instrumentos prediletos, enquanto D. Zizinha, professora dedicada cuidava de seus afazeres domésticos.

Ali os irmãos cresceram, ouvindo sons de violões, acordeons, bandolins, cavaquinhos, pandeiros etc., onde a seresta e o chourinho reinavam harmonizando aquele ambiente que respirava música.

Já muito cedo, quando ainda no grupo escolar, os dois irmãos já apresentavam inclinações literárias; herança viva do pai violonista e poeta.

O tempo se passava, e o interesse pela música era dividido entre acompanharem o pai ao violão com pandeiros, ou mesmo percussões improvisadas em móveis, caixas de fósforo etc., e as necessidades naturais de criança, que os arrastavam às brincadeiras com os primos e amigos.

Por ocasião da transferência do seu pai que havia sido promovido a gerente do banco, para a cidade de Montanha no Espírito Santo, os jovens ao seu lado, se envolviam nos finais de semana na lida da fazenda que possuíam na região, já que durante a semana freqüentavam a escola, enquanto o pai cuidava do seu trabalho de bancário.

Ali na fazenda, junto com os empregados a roda de música e “causos” rolava solta.

Nesta época começavam a ouvir no seu rádio de pilha, as rádios do Rio de Janeiro e São Paulo, que tocavam as músicas dos Beatles, Rolling Stones, Roberto Carlos, Renato e seus Blue Caps e outros.

Era então o estouro da Beatlemania que contagiava a todos com suas propostas de liberalidade, cabelos compridos, roupas extravagantes, modo de ser e de se expressar.

Ai a música ficava cada vez mais viva na vida dos jovens adolescentes, que passavam a conferir-lhe, um tratamento de essência no seu contexto existencial.

Envolvidos nos acontecimentos que estavam rolando, já se tornava transparente a vontade de vestirem aquelas roupas e usarem os cabelos como faziam os seus ídolos.

Esta era uma missão que Deus os endereçava, na qual obteriam notoriedade, levariam emoções aos corações das pessoas que tão logo, se identificariam com o seu trabalho.

Nesta proposta, viviam momentos da mais pura felicidade, criando realidade no imaginário.

Voltando a residir em Teófilo Otoni, certa vez, estavam arranhando o violão do pai na tentativa de tocarem Satisfaction dos Stones, quando alguém bateu à sua porta. Era o Dedé, um rapaz humilde, morador do bairro, cuja idade se aproximava a dos dois irmãos.

Após os cumprimentos de praxe, disse o Dedé: estou ouvindo-os, porque não fazemos um conjunto!

Responderam-no em uníssono; ainda não sabemos tocar, apenas tentando tirar este hit.

O rapaz foi enfático.

Não se preocupem, poderei ensiná-los.

Neste momento, passaram o violão a ele, que com muita precisão executou a música dos Stones, e dentre outras, Day tripper dos Beatles.

Neste instante se consolidava o encontro de três almas afinadas, cuja vibração, os moveria para os sinuosos caminhos da música.

No dia seguinte já estavam com muito entusiasmo aprendendo aquelas levadas e aqueles riffes, usuais dos grandes guitarristas. O amigo Dedé os reproduzia com muita desenvoltura.

Assim, toda noite o amigo passava na casa dos então aprendizes, e ali começavam a tocar e a cantarem juntos, fazendo vozes na tentativa de obterem os mesmos efeitos vocais dos seus ídolos. O inglês era algo semelhante aos sons que reproduziam dos discos, de vinil, que ainda eram mono, naquela época a tecnologia do stereo, era desconhecida.

Quando seu pai ao chegar de viagem os ouviu tocando alguma coisa que por sinal não lhe era tão peculiar, dado ao seu espírito de fiel seresteiro, ficou empolgado e dando-lhes algumas orientações sobre o instrumento, disse-lhes: - agora que assumem o talento que para mim já existia em vocês; querem realmente aprender a tocar; sugiro-lhes que se aprofundem mais.

Para tal, proponho-lhes matriculá-los com o professor Alberto Atchin, pois é importante que conheçam a técnica do instrumento e a teoria musical.

Assim passaram a estudar com o aludido professor, para então dominarem a técnica do instrumento e a leitura das partituras, sem contudo abandonarem as tocatas com o amigo que lhes passara as primeiras lições.

Nas aulas de música, em especial canto, disciplina esta, do currículo escolar do ginásio, quando cantavam atraiam olhares de admiração dos professores e colegas.

Muitas vezes, a professora os chamava para cantar na frente dos seus colegas, dizendo-lhe que possuíam vozes firmes, e isto facilitaria o aprendizado dos demais que poderiam segui-los como voz-guia.

Diante desta qualificação, gozavam de prestígio entre os colegas e se sentiam motivados.

Os anos se passavam e o Dedé precisava profissionalizar-se. Como filho de uma família pobre, tinha que contribuir para o orçamento doméstico.

Dada a esta necessidade, ingressou-se nos Cometas, conjunto de baile, que muito tocou animando as festas nos principais clubes locais e cidades vizinhas.

Os três amigos passaram a se encontrar menos, pois só era possível quando havia disponibilidade do músico profissional.
Nestas ocasiões se reuniam para baterem um violão, que naquele momento se fundamentava em troca de conhecimentos e experiências, que por sinal, faziam com muito prazer.

A vontade de aprender novas levadas era tão grande, que quando iam às festinhas nos clubes, passavam quase que todo o tempo de olho nos músicos dos conjuntos que estavam tocando.

A idéia de formarem um conjunto inspirado nos Beatles e Rolling Stones, jamais desaparecera da cabeça dos irmãos.
Era um projeto de vida, um vôo noutras dimensões.

Em sintonia com o seu projeto, certa vez, viram estampado uma faixa no Cine Palácio, que anunciava a apresentação de Renato e Seus Blue Caps, um dos conjuntos mais importantes do movimento da Jovem Guarda apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia na TV Tupi.

Procuraram logo adquirir os ingressos, ocuparam os primeiros lugares da fila de cadeiras, e lá estavam eles para assistirem ao show.

 

PRÓXIMA PARTE

 
Site desenvolvido por Studio Link ©